Triste Bahia - Gregório de Matos



Há um poema satírico de Gregório de Matos, em que lamenta a decadência da Bahia, cuja situação econômica vinha se deteriorando. É o poema Triste Bahia. Nele, Gregório sugere que a Bahia volte à nobreza de caráter, mesmo pobre.


Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Gregório de Matos

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

Há um poema satírico de Gregório de Matos, em que lamenta a decadência da Bahia, cuja situação econômica vinha se deteriorando. É o poema Triste Bahia. Nele, Gregório sugere que a Bahia volte à nobreza de caráter, mesmo pobre.
Caetano Veloso, em 1972, em Londres, devido à situação política de então no Brasil, escreve a música Triste Bahia, aproveitando os versos iniciais do poema de Gregório de Matos.
O uso intencional de trechos de uma obra artística numa outra obra chama-se intertextualidade.
Esse é um exemplo interessante de intertextualidade.
Assim como Caetano Veloso, Gregório de Matos também foi perseguido. Caetano alude no seu poema à crítica feita por Gregório de Matos à Bahia, que é a terra natal do compositor, no momento em que ele também, Caetano, é afastado da sua terra por motivo político.

Assistam ao vídeo acima, gravação de Caetano Veloso de sua música Triste Bahia, mesmo nome do poema de Gregório de Matos.

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