Inês de Castro


            A propósito do Dia dos Namorados, podemos lembrar o episódio da história portuguesa celebrado por Camões em "Os Lusíadas" - a história do amor entre o príncipe D. Pedro de Portugal e Inês de Castro, que fora dama de companhia da rainha Constança, que faleceu.
             D. Pedro apaixonou-se por Inês de Castro e viveram um grande amor. Inês poderia casar-se com Pedro após a morte da rainha, mas por interesses políticos os nobres de Portugal não queriam permitir esse  casamento. Numa das ausências de D. Pedro, Inês foi assassinada cruelmente devido a esses interesses. Diz a história que, mais tarde ela teve uma sepultura junto aos reis e assim, depois de morta, foi rainha. Outros dizem que D. Pedro casou-se secretamente com ela antes que morresse e a proclamou rainha depois da morte.
              É esse amor, já narrado pelo cronista do Humanismo, Fernão Lopes, que Camões celebra em "Os Lusíadas".

"Tu só, tu, puro Amor, com força crua,
que os corações humanos tanto obriga,
deste causa à molesta morte sua,
como se fora pérfida inimiga.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
de teus anos colhendo doce fruito,
naquele engano de alma, ledo e cego,
que a Fortuna não deixa durar muito.
Nos saudosos campos do Mondego,
de teus fermosos olhos nunca enxuito,
aos montes ensinando e às ervinhas,
o nome que no peito escrito tinhas.

Do teu príncipe ali te respondiam
as lembranças que na alma lhemoravam,
que sempre ante seus olhos te traziam,
quando dos teus fermosos se apartavam;
de noite, em doces sonhos que mentiam,
de dia, em pensamentos que voavam;
e quanto, enfim, cuidava e quanto via
eram tudo memórias de alegria.

(...)
Assi como a bonina, que cortada
antes do tempo foi, cândida e bela,
sendo das mãos lascivas maltratada
da minina que a trouxe na capela,
o cheiro traz perdido e a cor murchada:
tal está, morta, a pálida donzela,
secas do rossto as rosas e perdida
a  branca e viva cor, co'a doce vida.
As filhas do Mondego a morte escura
longo  tempo chorando memoraram,
e, por memória eterna, em fonte pura
as lágrimas choradas transformara.

O nome lhe puseram, que inda dura,
dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
que lágrimas são a água e o nome Amores.
(...)"

             Nada, porém, de tristezas para vocês neste Dia dos Namorados.
             Cultivem um doce e puro amor com seus amados e amadas!

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