Episódio do Gigante Adamastor

                     
                         Um dos  grupos do 1º ano A apresentou um trabalho sobre o célebre Episódio do Gigante Adamastor em "Os Lusíadas":

                          Inspirado em Homero e Ovídio, o episódio do Gigante Adamastor tem natureza simbólica, mitológica e lírica. É composto de vinte e quatro estrofes, no canto V do poema, estrofes 37 a 60.
                           No plano histórico, simboliza a superação pelos portugueses do medo do "Mar Tenebroso" das superstições medievais que povoavam o Atlântico e o Índico de monstros e abismos. Adamastor é uma alucinação que existe só nas crendices dos portugueses. É contra seus medos que os navegadores triunfam.
                           No plano lírico, o episódio é um dos pontos altos do poema "Os Lusíadas", retomando o tema do amor impossível e o do amante rejeitado, que aparece também nos poemas líricos de Camões.
                            No plano mitológico, a história lembra a mitologia grega. Adamastor é um dos gigantes filhos da Terra. Ele apaixonou-se pela nereida Tétis. Não foi correspondido e tentou tomá-la à força, provocando a cólera de Júpiter, que o transforma no  Cabo das Tormentas, ao sul da África, personificado numa figura monstruosa, lançada nos confins do Atlântico.
                              Neste episódio se concentram as grandes linhas da epopeia:
1 - O real maravilhoso (dificuldade na passagem do cabo).
2 - A existência de profecias (história de Portugal).
3 - Lirismo (história de amor, que irá ligar-se mais tarde ao episódio da Ilha dos Amores, também em Os Lusíadas).
4 - É um episódio trágico, de amor e morte.
5 - É um episódio épico, em que se consolida a vitória do homem sobre os elementos, pois os portugueses venceram a fúria do mar e obtiveram seu objetivo, passando o Cabo das Tormentas (depois chamado Cabo da Boa Esperança) e chegando à Índia viajando pelo Atlântico.

Alguns versos do episódio do Gigante Adamastor, que mostram o desaparecimento do Gigante e a passagem pelo Cabo.

Enfim, minha grandíssima estatura
Neste remoto cabo converteram
Os deuses, e, por mais dobradas mágoas,
Me anda Tétis cercando destas águas.
Assim contava; e c'um medonho choro,
Súbito d'ante os olhos se apartou;
Desfez-se a nuvem negra, e c'um sonoro
Bramido mito longe o mar soou.

Eu, levantando as mãos ao santo coro
Dos anjos, que tão longe nos guiou,
A Deus pedi que removesse os duros
Casos, que Adamastor contou futuros.
Já Flégon e Piróis vinham tirando,
Co'os outros dois, o carro radiante,
Quando a terra alta se nos foi mostrando
Em que foi convertido o grão gigante.


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